segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A RESIGNAÇÃO


                                   “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados.”
O homem nasce na Terra para evoluir, para vencer a si mesmo e amealhar virtudes.
­A resignação é uma das virtudes difíceis de serem adquiridas e seu exercício é quase sempre incompreendido pois o sofrimento ocorre comumente em nosso mundo.
Apesar dos inumeráveis progressos sociais, milhões de seres sofrem ainda terríveis dores: a miséria provocando intensas agonias; a enfermidade arrastando os seres para os vales do sofrimento e da angústia, de que nem mesmo as classes mais cultas ou abastadas conseguem se isentarem desses males.
Às vezes, u’a melancolia se abate sobre o ser até daquele que habita ambientes onde reina a abundância, um sentimento de desânimo, uma vaga tristeza, às vezes se apodera das almas.
Conheci um tetraplégico que aparentava uma tranquilidade inexprimível, mas, que se enfurecia com seus familiares quando, por sofrer incontinência urinária, molhava o fraldão na frente de gente que o visitava.
Isabel já andava pela casa dos 50 e poucos anos. Morava num barraco de adobe que ela mesma construíra próximo do encontro do Ribeirão Veredão com o Rio dos Bois lá pelas bandas do município de Acreúna.
Quase nunca tinha o que cozinhar para alimentar as 3 pessoas que dividiam o barraco: ela e seus 2 filhos, Genésia debilóide de 35 anos e Fábio, de 22 anos, totalmente dependente pois não falava, andava de quatro como os animais quadrúpedes e que sempre se sujava com seus excrementos.
Apesar de todas as dificuldades, ausência de alimentos, deficiências vitamínicas, Isabel trabalhava lavando roupa pra fora usando uma “quada” de sabão de cinzas que ela mesma fazia até porque não podia comprar os detergentes próprios. E enquanto lavava a roupa, cantarolava alegremente entoando agradecimentos a Deus pela vida e pelos filhos adorados que o Senhor lhe destinara.
Richard Simonetti escreveu “A Receita Para Ser Forte: Incrível! Aquele homem passara cinco dias perdido no deserto, sem água, sem alimentação! E não morrera! Um prodígio de resistência!
No hospital, ainda fraco, mas em franca recuperação, vê-se rodeado por pessoas interessadas em seu segredo. Como pudera sobreviver? Onde encontrara recursos para sustentar-se?
O homem sorriu, bem humorado, e respondeu:
- Muito simples! Eu orava o tempo todo. A oração foi meu sustento, minha tábua de salvação!”
Depois, Simonetti aconselha: “Amigo. Em todas as situações, onde estiver, converse com Deus. Como o filho que procura a ajuda de seu pai, fale de seus anseios e esperanças. Comente suas angústias e problemas. Abra seu coração e Ele o sustentará nas lutas do Mundo, ajudando-o a fazer o melhor.
Tudo será mais fácil se aprendermos a conversar com Deus...”
A dor é o remédio para a correção das nossas imperfeições e, também, para as enfermidades da nossa alma.
No atual estágio de evolução em que nos encontramos, sem ela não é possível o nosso aprimoramento.
Nossos excessos geram as moléstias orgânicas que se abatem sobre nós, assim como nossas faltas passadas são responsáveis pelas provas morais que nos atingem.
Um dia, o resultado de nossos erros e equívocos, fatalmente, recairão sobre nós.
É a lei de justiça agindo no curso de nossas existências.
Saibamos aceitar os seus efeitos como se fossem remédios amargos, operações dolorosas, capazes de restituir nossa saúde.
Embora possamos nos sentir entristecidos pelos desgostos, devemos sempre suportá-los com paciência, alegria e disposição, compreendendo que nós plantamos e agora estamos colhendo os frutos do nosso plantio.
Caminhamos no terceiro milênio, mas, a Terra ainda é um mundo de provas e expiações, em que a dor reina soberana, em virtude de que o mal ainda sobrepuja o bem.
Ainda que estejamos conscientes dessa inegável condição, é nosso dever lutar contra a adversidade, porque sofrer sem reagir aos males da vida seria uma covardia.

Ao percebermos que todos os nossos esforços para superar os sofrimentos, físicos ou morais, se tornam supérfluos, quando tudo se mostra inevitável, é porque é chegado o momento de apelarmos para a resignação.
Toda revolta contra a lei moral que corrige nossas mazelas seria tão insensato quanto querermos resistir à lei da gravidade.
Se fazemos sentir, por toda parte, o peso de nossas amarguras, infelicitamos os que nos amam e até aqueles que nos vêem como exemplos, nos caminhos da vida.
Com raciocínio, o espírito sensato clareia a situação encontrando, na provação, os meios de fortificar suas qualidades.
Só é corajosa a alma que aceita os males, as dificuldades, os obstáculos que encontra pela frente, trabalha os pensamentos, compreende a Justiça Divina como bênção regeneradora, eleva-se acima deles, sorri agradecida, construindo, então, uma escala para atingir a virtude. 
A resignação é uma conquista do Espírito que vence suas paixões para atingir a maturidade. Conseguindo mantermos a alegria e o otimismo, mesmo nas condições mais adversas, ao enfrentarmos com tranquila dignidade nossos infortúnios, preparamo-nos para um futuro venturoso.
Sejamos, pois, alegres e felizes, agradecendo a Deus pela vida.

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