terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Mágoa

Escrevo no primeiro dia do ano. O dia da paz mundial. E há tanta guerra no mundo!
Há quem diga que as guerras, sejam gerais ou particulares, têm como causa a falta de amor. Outros afirmam que está ausente a fraternidade. Tem aqueles que garantem que a culpa reside nas desigualdades sociais e até mesmo nas arbitrariedades dos fortes ou poderosos sobre os mais fracos.
Há os que ferem e quem se ofenda. Quem fere, magoa, e quem é ofendido se sente magoado. Entre as duas pontas, o rancor que origina a mágoa.
Ferimentos leves, via de regra acontecidos nas brincadeiras de mau gosto, também geram rancores surdos pela humilhação causada.
Outras vezes, a ofensa é direta, intencional, destruidora.
A verdade é que a mágoa tem sido a causa dos destemperos humanos.
Todo aquele que pretende dominar alguém ou alguns, magoa seu semelhante, que, então, se sente constrangido, sem liberdade, sem amor, reclama das desigualdades e lamenta da falta de fraternidade.
A mágoa é como o rastilho de pólvora que explode nos mais terríveis ódios, gerando a destruição por séculos, por inumeráveis encarnações, eternizando o atraso e a ignorância da humanidade, retardando o progresso espiritual dos seres e a evolução da Terra.
É muito séria a responsabilidade dos que agem na mágoa, ferindo ou receptando-a, porque além da paralisação do seu crescimento, responde diretamente pelo retardo do desenvolvimento do Globo e, o ofensor, ainda, pelo desvio da trajetória do ofendido.
Por isso, ensinam os espíritos: “Se a mágoa lhe bate à porta, entorpecendo-lhe a cabeça ou paralisando-lhe os braços, fuja dessa intoxicação mental enquanto pode”.
Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te, perdoando sempre. Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar e mais intensivamente os resultados da intolerância, quando nos entrincheiramos na dureza de alma”.
         “Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele sobre nós mesmos, quando temos a felicidade de desculpar”.
“Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele”.
Se ofendemos, peçamos perdão. Não há nenhuma humilhação quando reconhecemos nossos erros, nem fraqueza no perdão das ofensas recebidas.
Não vale a pena cultivar mágoas. Veja os versos de Ormando Candelária:
                                      Lança as mágoas ao passado,
                                      Alma cansada e ferida,
                                      Ressentimento guardado
                                      É fogo na própria vida.

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