terça-feira, 16 de novembro de 2010

PARA VENCER É PRECISO TER SORTE

A pedagoga, escritora e conferencista Heloisa Pires, filha de José Herculano Pires, “o melhor metro que mediu Kardec”, no século passado e que, por isso, alguns dizem ter sido ele a reencarnação do grande Mestre de Lion, afirma: “todos nascemos para a vitória”.
Édo Mariani, do Movimento Espírita de Matão – SP: “Fomos criados para sermos felizes”.
Vitória é subjetiva e felicidade, impalpável.
Vitória e felicidade têm de estar juntas para obtenção do sucesso nas empreitadas da vida material e para a conquista das qualidades necessárias para a Vida Espiritual.
E a sorte?
Muitos dizem que não existe sorte e muito menos azar.
Pois eu digo que é preciso ter sorte para a felicidade e para vencer as paradas surgidas em cada encarnação.
- Caramba!, admira-se um dos leitores que conhece muito bem o conceito de que nada existe por acaso e de que tudo acontece por alguma razão.
Azar? Também não acredito nele porque seria fruto do acaso bem como a negação da Existência e da Justiça de Deus, nosso Criador.
Sorte? Sim, sorte.
S = Suor. Tudo neste Mundão de Deus depende do suor dos poros do corpo humano  para a conquista das coisas, garantidoras da sobrevivência da espécie. Nada se consegue ao som de flautas. Todas as ações exigem a firmeza, a constância, o desprendimento, a fortaleza, a coragem, o denodo.
O = Organização. Tudo o que a humanidade faz, deve obedecer a uma ordem natural das coisas. O caos conduz às confusões, às incúrias, às maluquices, às intemperanças, à baderna, ao desequilíbrio. O planejamento, o preparo, o treinamento e a execução são componentes indispensáveis, dessa ordem, para que os objetivos sejam atingidos e os resultados positivos apareçam. E essa organização vitoriosa chega pela moral, pelos bons costumes, pela perseverança nos caminhos do Bem.
R = Resignação. Ninguém chega à vitória no lanço inicial, nem na escaramuça de começo, muito menos na primeira tentativa. Todas as derrotas, as negativas, os fracassos, os insucessos, não podem desanimar aquele que busca conquistar a felicidade de vencer, ou a vitória da felicidade. É preciso resignação e persistência. A resignação relaciona-se com a compreensão e com a submissão à grandeza da vida e a persistência está diretamente ligada à sabedoria e à alegria de jamais desistir das empreitadas até à conquista final da vitória.
T = Trabalho. O trabalho não se resume apenas nos esforços físico e mental despendidos em cada tarefa. O trabalho deve ser digno, envolver a honra, exercido com serenidade, com a certeza de que vale a pena, nutrido na alegria dos bens produzidos e na satisfação da colheita de frutos edificantes e realizadores.
E = Estudo. Suor, Organização, Resignação e Trabalho somente são conseguidos com o Estudo. Ou, por outras palavras, se o homem não busca o Estudo, não terá resignação diante dos erros cometidos, ou frente aos maus resultados. Da mesma forma, jamais o homem poderá se organizar porque não conhece os caminhos e os meandros que compõem as pesquisas nem as missões desejadas pela falta de horizontes que só o Estudo é capaz de fornecer. Se lhe faltam as bases fundadas no Estudo, inútil todo o seu Suor e infeliz o Trabalho despendido que se arrebentará nas dificuldades que o tempo e as circunstâncias se lhe opuseram.
Então é preciso ter SORTE (Suor, Organização, Resignação, Trabalho e Estudo) para vencer a jornada terrena tanto quanto à vida material e principalmente pela conquista dos valores espirituais que elevam o espírito à condição de Vencedor.

O ABORTO

O rumoroso caso do aborto terapêutico praticado por equipe médica no Estado de Pernambuco numa menina de 9 anos estuprada desde os 6 anos pelo padrasto e que estava grávida de fetos gêmeos, extrapolou as fronteiras brasileiras, veio de ser comentado em quase todos os países do Mundo, porque um arcebispo da Igreja Católica, inicialmente, com a aprovação do Vaticano, entendeu de aplicar normas do Código Canônico, excomungando a mãe da criança grávida e toda a equipe médica que trabalhou na interrupção da gravidez.
Interessante que a condenação do aborto só veio como mote eclesial fundado no fato de que duas vidas (os fetos são seres vivos) foram tiradas, mesmo que o desiderato natural seria a morte da menininha de 9 anos, que nem ficou sabendo de gravidez pois dela nada entendia, imaginando que as transformações físicas pudessem ser consequência de vermes intestinos.
Mais interessante é que a condenação da Igreja não atingiu o padrasto estuprador.
Entrevistado num programa matutino da TV Globo de grande audiência nacional, o médico responsável pelo procedimento disse que não se arrependeu e que procedeu de acordo com a lei nacional que permite o aborto nos casos de violência por estupro e, no caso, porque a menina tem útero infantil e a gravidez, principalmente dupla, colocava a gestante em sério risco de morte, por pré-eclampse ou mesmo por eclampse e, ainda, porque o órgão da criança, também desnutrida, não suportaria o desenvolvimento dos dois fetos.
O médico, garantiu, que continuará trabalhando na conformidade da legislação.
O mesmo programa de televisão promoveu enquête nacional por telefone tendo a opinião pública apresentado o seguinte resultado: 90% dos ouvintes se declararam a favor do referido aborto e só 10% deram razão à Igreja ou ao Arcebispo.
A Doutrina Espírita cuida do aborto nas questões 357 a 360 de “O Livro dos Espíritos”.
Kardec pergunta e os espíritos respondem que as consequências do aborto para o Espírito é de uma existência nula com recomeço em outra oportunidade.
Inquire, na questão 360, se o respeito que se tem com o corpo de uma criança nascida na Terra deve ser o mesmo para com o feto abortado e os espíritos responderam: “Em tudo isto vede a vontade de Deus e a sua obra, e não trateis levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da Criação, que às vezes são incompletas pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é chamado a julgar.”
Na questão 358,o Codificador inquire se o aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção.
A resposta é elucidativa: “ Há sempre crime, quando se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.”
Emmanuel, no livro Religião dos Espíritos, edição FEB/1988, página 17, trata, assim do Aborto Delituoso: “Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião. Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais... Furtos espetaculares que inspiram várias medidas de vigilância... Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam guerra de nervos em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência... Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia da crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da natureza... Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao aborto delituoso, em que os pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz...
Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho!
Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro...”
Entretanto, a questão 359, enfoca uma situação em que os divinos olhos do Pai se mostram compassivos. Kardec inquire: “No caso em que a vida da mãe estaria em perigo pelo nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?”
Taxativa e objetivamente, responderam os espíritos: “ É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe”.
A gravidez com os dois fetos no ventre da criança de 9 anos não era simplesmente uma gravidez de risco, mas que colocava em perigo imanente e iminente a pequenina mãezinha que nunca se imaginou grávida pois acreditava que era portadora de severa verminose.
Trata-se, portanto, de um caso de aborto, que a Justiça Divina classifica como necessário utilizado unicamente para salvar a vida existente da inocente criança violentada, não por conta do estupro, mas, para garantir continuasse viva a pequenina mãe, permitindo, assim, a extirpação dos dois fetos que ainda não existiam para o Mundo e que, naturalmente, terão oportunidade de renascimento em ventre preparado e apropriado.

MALEDICÊNCIA E FALSAS ACUSAÇÕES

O jornal on line “A Gazeta Esportiva”, do último dia 5 de junho, publicou a entrevista do jogador de futebol Jean Rolt quando de sua apresentação, no dia anterior, ao seu novo clube, o São Paulo Futebol Clube, da capital paulista.
Da entrevista retiramos apenas a parte que interessa ao nosso estudo a ser desenvolvido neste articulado.
Assim está posta: “Apenas dois meses depois de ser o pivô de uma suspeita de suborno, o zagueiro Jean Rolt vestiu oficialmente nesta quinta-feira a camisa do São Paulo. O atleta foi apresentado no Tricolor com a certeza de que está diante da principal oportunidade de sua carreira, mas acredita que nem mesmo a chance em um grande clube apagará as acusações que sofreu da diretoria da Portuguesa na reta final do Campeonato Paulista.
"Mesmo chegando ao São Paulo, vou ser lembrado por aquilo, apesar de ser mentira o que falaram. Procurei erguer a cabeça e fazer meu trabalho da melhor maneira possível", afirmou o zagueiro, que sabe da responsabilidade no Tricolor. "Não vai faltar vontade, é a grande oportunidade da minha vida".(Os grifos são nossos).
Quantas vezes tivemos oportunidade de falar sobre os malefícios e os prejuízos oriundos da MALEDICÊNCIA e das FALSAS ACUSAÇÕES, em inúmeras Casas Espíritas deste nosso imenso Brasil.
Quantas vezes, também, ouvimos reclamações e enxugamos as lágrimas dos injustamente acusados ou tomamos conhecimento dos danos sofridos pelas vítimas da          maledicência alheia.
Injustamente acusado de suborno, o craque vê sua estrela bruxuleante no firmamento esportivo pela pecha inconcebível do julgamento apressado por falta normal de jogo acontecida nos últimos instantes de uma partida de futebol e que o acusador, Presidente de um outro clube, que se acreditou prejudicado, lançou sobre ele.
Nós brasileiros sempre nos esquecemos das promessas que os políticos fazem nas campanhas eleitorais. Por isso, dizem que temos memória curta. Mas nunca nos esquecemos daquilo que um dia foi imputado a alguém, e, ainda que seja inocente, sobre ele pairará sempre, no mínimo, a suspeita e a desconfiança.
Não bastou ter Jean Rolt provado sua inocência. A todo instante, não falta quem o acuse ou lembre a difamante acusação que submete, injustamente, a sua honra de ser humano, trabalhador, correto, de esportista exemplar.
O processo destrutivo da reputação pode reduzir, sensivelmente, o desempenho das funções laborais do acusado, a condenar, o indigitado sofredor, ao desequilíbrio mental, além de lhe causar, no transcurso, inúmeras outras doenças de fundo psicossomático, como a depressão, as obsessões, a auto-flagelação, a loucura e até mesmo conduzi-lo, às agressões físicas, aos homicídios e às raias do suicídio.
Se, de um lado, a responsabilidade dos desequilíbrios espirituais é inerente ao detentor desses quadros, de outro, não menos responsável será quem causou-lhe tão graves danos por nefandas acusações, verdadeiras ou não, ou que, simplesmente, teceu comentários desairosos, em outras palavras mais singelas, “falou mal” da indigitada pessoa.
No mesmo dia da entrevista, nosso “Diário da Manhã”, publicou artigo da pena do advogado espírita Irani Inácio de Lima, sob o título “O Perdão de Linda”, no qual, o articulista narra que, na gestão de Maguito Vilela no Governo do Estado, trabalhou com a Professora Linda Monteiro, sendo ela presidente da Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira. Os fatos a seguir são da narrativa dele: “Certa feita, todavia, num momento de extrema fragilidade moral, invigilante e politicamente vencido, recusei-me a aceitar a adversidade temporária, materializada numa natural ocorrência partidária e, irrefletidamente, julguei-me por ela prejudicado.
Irresignado, insurgi-me em desfavor da notável e culta professora, acionando-a judicialmente, com o ególatra objetivo de auferir recursos pecuniários, para fazer face a possíveis danos morais que julguei ter ela causado a minha pessoa.”
Mais adiante, o artigo mostra: “Com respeito e humildade, reconheço que alguns dos documentos utilizados para instruir o processo suprarreferenciado, embora de domínio público, a ele foram acostados por mim indevidamente.”
Tempos depois, quando a consciência se fez marcante, ei-lo narrando, novamente: “Este fato, fruto indesejável do meu açodado e irrefletido comportamento, passou a fustigar-me a consciência, que sempre recomendou e aconselhou serenidade e paz, diante de toda e qualquer situação.”
“Recorri-me à oração, este infalível remédio para todos os males da humanidade. E eis que encontrei alento na prece, que dulcifica o ser, harmoniza o sentimento e é sempre o grande lenitivo que balsamiza a dor, pacifica o coração e sereniza o pensamento.”
”A reflexão induziu-me, imediatamente, a pedir perdão à amiga que julguei haver causado danos e prejuízos imperdoáveis. Segui formalmente os desígnios da minha consciência.”
O perdão de Linda Monteiro, chegou agora no dia 12 de maio, segundo conta Irani Inácio, singelo, fraterno, suave como a compreensão que norteia os anjos bondosos que aprenderam com Jesus que nada pode ofender aquele que ama aos seus irmãos.
De próprio punho de Linda, eis as palavras textuais: “Sua carta me fez um grande bem e me deixou feliz e sensibilizada. Continuo sua amiga. Que Deus o ilumine e lhe dê forças para enfrentar as adversidades, proporcione-lhe alegria e paz para viver com amor e serenidade junto aos que você ama.”O perdão das ofensas recebidas tem o condão de abençoar aquele que perdoa e de diminuir a intensidade da culpa do ofensor, propiciando que Deus, nosso Onipotente Pai, oportunize a redescoberta do amor que une universalmente Suas criaturas com o respectivo resgate dos males advindos da maledicência, ou das falsas imputações.
Lembrando o ensinamento do Mestre Jesus diante da mulher adúltera, depois da desistência daqueles que quiseram atirar-lhe pedras pelo adultério cometido: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Eles não tem condenaram e eu também não te condeno, mas, vai e não peques mais.”
Então, ainda para seguirmos o ensino de Jesus: “NÃO JULGUEIS PARA NÃO SERDES JULGADOS”.

EMPOLGAÇÃO COM A DOUTRINA ESPÍRITA


Eu me lembro que depois de ler uma parte do Livro dos Espíritos, eu que viera do Catolicismo, que entendia tudo, ou pelo menos achava que entendia tudo daquela Doutrina Cristã, quedei-me convencido de que havia descoberto as chaves do Reino dos Céus e que, estando no caminho certo, com a verdadeira doutrina do Amor, pois o Espiritismo redivivo representava a minha salvação definitiva e que tudo iria rolar entre sorrisos de alegria vertidos em consequência das soluções de todas as questões da vida, só encontradas naquela obra básica e o meu comportamento legal diante das Leis de Deus, bastando, para isso, que em amasse todos os meus irmãos e fosse caridoso.
Estava tão empolgado que acreditei que era fácil amar o próximo e também ser caridoso, aliás, me considerava altamente benevolente com as criaturas, praticante da caridade mais pura que era dar esmola a todos que me procurassem em nome de Deus.
Os primeiros esbarrões da realidade serviram para despertar –me daquele sonho pueril.
Certa tarde, no meu escritório profissional, adentrou uma senhora idosa, muito alta, vestido de chita barata, pés grandes, descalços, sujos da poeira daquele município goiano e me pedira uma esmola. Medi-a de alto a baixo e concluí que se tratava de uma pobre velha necessitada de um dinheiro pra poder comer. No alto dos meus escaninhos mentais cataloguei que ela devia estar sem se alimentar bem a uma semana mais ou menos. Assim convencido nos meus botões meti a mão no bolso, sacando uma nota de dez cruzeiros (era uma boa quantia) e sorrindo passei à velha dizendo, Deus te abençoe minha tia.
Ela sequer me agradeceu nem resmungou que Deus me pagasse o feito.
Depois que a velha saiu, minha secretária, que estava na sala de recepção, perguntou-me: - o senhor deu esmola pra velha Prata?
- Quem?
- A velha Prata que acabou de sair daqui.
- Como assim, insisti?
E a secretária, sorrindo, explicou: - doutor, a velha Prata é uma das pessoas mais ricas do Município. Tem fazendas e casas de aluguel na cidade.
- O que? – perguntei assustado.
- É isso mesmo, repetiu.
- Por que ela se veste como maltrapilha e pede esmolas então?
- Porque ela sempre fez isso. É uma pobre miserável que vive desgraçadamente como uma pobretona. Vive esmolando e todos aqueles que não a conhecem dão-lhe esmolas polpudas que ela guarda ou esconde em sua casa que é sede de uma das fazendas.
Fiquei decepcionado porque ao invés de fazer uma caridade, contribuíra para alimentar o desequilíbrio daquela pobre infeliz.
Esse episódio me lembrou um tal Zé Macarrão que habitou um pedaço da minha juventude numa cidade do interior paulista, próxima da minha terra natal e que esmolava pela manhã, sempre pedindo dinheiro pra comprar macarrão pro almoço que ele não tinha o que comer em casa.
De tarde ele sumia.
A sua morte, nos revelou um trágico quadro de sovinice e vida miserável.
Vivia sozinho num casarão vizinho da casa de um tio que me hospedava, pois eu fazia o curso científico no Instituto de Educação numa outra cidade para onde ia todos os dias às 6 horas da manhã, voltando somente pelo meio-dia.
O cadáver começara a cheirar mal e, por isso, comunicada pelos vizinhos, a polícia arrombou a porta da frente e descobriu-o num quarto grande dos fundos, a casa sem nenhuma mobília, fogão a lenha que a muitos anos não fora aceso, rodeado de sacos de notas de todos os valores e ali muitas delas já sem valor econômico pelas muitas transformações do dinheiro.
Segundo a polícia, no loca, em dinheiro com valor ele tinha cerca de 20 mil cruzeiros, pequena fortuna porque o salário-mínimo montava em 80 cruzeiros.
E a surpresa não parou por aí, porque descobriram alguns recibos de depósito nas três agências bancárias da cidade: Banco do Brasil, Banco Bandeirantes e Bradesco. Ao fazer o levantamento, o Zé Macarrão era muito rico pois tinha uma fortuna de mais de 100 mil cruzeiros.
A minha empolgação começou o pique para baixo, diminuindo à medida que fui entendendo que caridade não é só dar esmolas e que nem sempre comprar comida ou alimentar pessoas significam fazer o bem aos nossos irmãos. Descobri que muitas vezes estamos alimentando as loucuras ou os desvios de conduta das pessoas.
Descobri, também, que só fazemos o bem sem olhar a quem quando temos certeza de que o amor que nos liga a essas pessoas é aquele Amor Universal que é capaz de superar todas as diferenças, mas, que é praticado conscientemente, ou seja usando a razão sem nos deixar arrastar pelas emoções ou paixões momentâneas.

OBSESSÃO ESPIRITUAL NA INFÂNCIA

Corria o ano de 1974. Vindo do Catolicismo, tinha recém iniciado os estudos da Doutrina Espírita. Maria Inês, minha esposa, ainda encarnada, já estava gravemente enferma por doença que lhe atingiu o sistema nervoso central fazendo-a sofrer terrível cefaléia que a deixava completamente fora de si, inclusive com perda temporária da capacidade racional, causa da sua desencarnação em abril de 1976, um dia após completar 31 anos.
Indicaram-me que a levasse a Palmelo, então conhecida como cidade espírita do nosso Estado goiano, pois, Jerônimo Candinho e Damo, líderes espirituais encarnados (desencarnaram vários anos depois), exerciam, com muito sucesso, atividades de cura em geral.
Assim fiz. A viagem de ida transcorreu dificultosamente porque me encontrava transtornado com o sofrimento da esposa, que gemia alto em plena crise.
Tão logo chegados a Palmelo, Maria Inês se mostrou serena como se as dores tivessem cessado. Apesar de pequena cidade, foi a primeira vez em que estivemos lá. Então me informei onde poderia ver e falar com Jerônimo Candinho. Indicado o local, pra lá rumamos. De imediato atendidos, Jerônimo nos recomendou que ela fosse inscrita no Raio X do meio-dia e que a esposa ficasse internada na pensão de uma senhora cujo nome não me vem à memória. A justificativa foi de que todos que tivessem de passar por tratamento mais longo, lá deveriam ser internados porque era como se fosse um hospital visitado pelo menos duas vezes ao dia pelos médiuns de cura do Centro Espírita Luiz Gonzaga, dirigido por Candinho e por Damo.
Naquele mesmo dia, Maria Inês passou pelo Raio X e por cirurgia espiritual na cabeça, ficando internada na referida pensão.
No dia seguinte, foi internado, juntamente com sua mãe, um menino de 10 anos de idade submetido a terrível subjugação que lhe impunha estar de quatro, berrando como cabrito, sem expressar, vocalmente, qualquer palavra, somente o beééééé.
A mãe, garantiu que até os 6 anos de idade era uma criança normal, alegre, risonha e falante. De repente, como se fosse uma maldição, deixou de falar, perdeu o porte ereto e caiu a andar de quatro como um animal quadrúpede e passou a berrar como um caprino. Parecia, também, nada entender da conversa entre pessoas. Nunca mais sorriu. A mãe, desdobrava-se em ternura e carinho por aquele desventurado ser que perdera a identidade humana e agia tal qual um cabrito, saltando, berrando, e dando cabeçada nas pessoas. E aquela criança só tinha 10 anos.
Ainda neófito nas questões espirituais, conhecendo praticamente nada de mediunidade, não entendia, nem mesmo aceitava que Deus pudesse “punir” uma criança inocente, uma vez que sempre acreditei na existência de nosso Pai Celestial, como o Senhor de Bondade e de Misericórdia.
Só depois de algum tempo, quando já havia estudado as obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A Gênese e O Céu e o Inferno, comecei a compreender que Deus, ao criar a Lei do Livre Arbítrio, nunca puniu, como jamais puniria qualquer dos seus filhos, pela simples razão de que sob a égide dessa Divina Lei, o homem tem sempre o direito da escolha dos seus caminhos, ou, por outras palavras tem liberdade para plantar, mas, a colheita do que plantou também é obrigatória.
No estudo das obsessões aprendi que a primeira coisa que precisamos ter em mente, para melhor compreendermos os mecanismos de ação, utilizados nos processos obsessivos, é que o obsessor está ligado ao seu desafeto por razões emocionais, seja por ódio, por desejo de vingança ou até mesmo por sentir-se desprezado ou traído por este. Assim, tomado pelo ódio, depois de um simples e automático processo de sintonia vibratória, o obsessor se vê atraído, inconscientemente, para junto daquele que é o objeto de suas angústias. Basta isso, ou seja, a presença de um espírito carregado de energias profundamente perturbadoras para prejudicar o obsediado.
Uma vez que ambos os seres estão sintonizados pelo mesmo padrão vibratório, aquele que está mergulhado no corpo de carne começará a captar as emissões de ódio do seu perseguidor e, a depender de sua conduta moral e mental, essa captação poderá trazer desordens graves ao funcionamento de seu organismo físico.
O obsessor é um obstinado perseguidor de sua vítima, muitas vezes, anteriormente seu algoz que permanecendo ou renascido na carne, agora, com as vibrações do encarnado, se encontram no conúbio desastroso da vingança, do revide, da intemperança e da infelicidade tanto para um quanto para o outro, que só agravam seus mútuos débitos.
Então, para obsediar, basta a simples presença do obsessor junto de sua vítima.
Caramba! diria o leitor estupefato, como pode uma criança de poucos anos ser submetida a uma obsessão?  E o pior, uma subjugação que transforma e mantém a vítima num simulacro de cabrito saltador e berrante?
A priori, sabemos que a morte física, infelizmente, nem sempre apaga da lembrança o rancor que perturba o espírito inferior ainda menos esclarecido e que, incapaz de perceber as luzes do Evangelho, curte e resfolega no seu imo a mágoa e o ódio incontroláveis.
No afã do seu ódio, de sua vingança, o obsessor não consegue ver a criança momentaneamente fragilizada e ingênua em nova e recente encarnação, enxergando apenas o espírito imortal responsável pelo delito cometido ou que imagina tenha sido culpado pela mágoa, pela ofensa ou qualquer outra causa de sua desgraça atual.
Muitas vezes os familiares resistem em admitir a hipótese de obsessão da criança, imaginando-a livre do assédio invisível. Quando acontece essa ou qualquer outra situação similar no seio da família do pequeno obsidiado, lamentavelmente, o engano traz seriíssimas repercussões, pois quanto mais tempo se passar entre o primeiro ataque do obsessor à constatação do quadro da obsessão, várias e irremediáveis sequelas estarão acontecendo.
 Inúmeras vezes, na experimentação mediúnica, tratamos com espíritos que engendraram investidas contra os pais, ferindo com a obsessão, diretamente, a criança e indiretamente os genitores. O obsessor incide seus fluidos mórbidos negativos que comprometem a saúde física ou mental de um dos filhos comprazendo com o sofrimento dos pais.
A sensibilidade infantil e a aproximação do espírito obsessor, provocam, muitas vezes o choro, a inquietude, a irritabilidade e até erupções cutâneas que fazem o pediatra confundir com quadros clínicos buscando causas no organismo da criança como verminoses, otalgias, erupção dentária e outras mazelas.
Tivemos um caso em que uma nossa confreira que dera a luz a um menino e enquanto bebê foi levado ao centro com frequência e durante sua permanência na nave, chorava o tempo todo, gerando desconforto e sofrimento à mãezinha, só se acalmando quando tomava o passe magnético.
Hoje com 14 anos, o menino ouve vozes, vê e conversa com espíritos sem receio algum.
 Os distúrbios infantis requerem cuidados urgentes dos pais. Primeiramente, os pais devem buscar os procedimentos médicos e só depois de descartadas todas as hipóteses da medicina da Terra é que se deve buscar a Casa Espírita afeita às curas e tratamentos com o auxílio da Espiritualidade.
Mesmo havendo o sustentáculo da Casa Espírita, com os recursos dos passes e da água fluidificada, é importante, também, que o Evangelho seja implantado semanalmente na residência da família, em dia e hora marcados, inclusive com a participação de vizinhos que manifestarem interesse.
A confiança em Deus por lema e a disposição de servir aos nossos irmãos encarnados e desencarnados com o Amor Universal que une a todos, eis a fórmula para a união fraterna entre todos os povos deste Mundão Terreno.

O AMOR UNIVERSAL

Amarás teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. Esse o maior e o primeiro mandamento. E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro; Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”  Mateus, XXII, 36 a 40.

Quanta confusão já vimos quando se fala do AMOR.
Também tantos já conceituaram tantas vezes o AMOR. O AMOR é... O AMOR é...
O AMOR é a luz do Mundo. Foi com essa expressão maravilhosa que a TV Globo encerrou uma novela das 6 horas.
O AMOR é...
Leandro Pires, no livro O Eu Superior – Nosso Verdadeiro Mestre: O Amor é o sentimento mais difícil de ser explicado. Porque não há palavras que o definam melhor. É um sentimento tão intenso e poderoso, de tão elevadas vibrações, que praticamente impossibilita ao homem explicá-lo melhor, através de simples palavras”.
E quando a gente diz: O AMOR UNIVERSAL, muitos correm pra dizer: ah! Isso é coisa de carola, de beato, de padreco, de espírita sofredor, e vão desfilando impropérios mil sobre esse tal de AMOR UNIVERSAL.
Tem gente que diz: Amor Universal, rima com “sem sal”, e lá vêm mais um mundaréu de outras impropriedades: igrejeiro, catimbozeiro, macumbeiro, e mais um tantão de “eiros”. Caramba! Dá vontade de rir.
Mas, não é de rir, não. É pra chorar, diante da ignorância ou dos interesses com que a humanidade desvia o verdadeiro sentido do segundo mandamento da Lei Divina: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo”. Pois foi aí, nesse ponto crucial da vida, que o Mestre Jesus nos mostrou o que é o AMOR UNIVERSAL.
Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante, no artigo “O mandamento maior” para a Revista Internacional de Espiritismo, Dezembro/2007, pág. 573, escreveu: “Junta em seguida, a este mandamento: “Amarás ao teu próximo, como a ti mesmo. Ele não nos disse para amar o próximo como ele nos ama. O amor de Jesus é um amor sem mescla, sem preconceito. O nosso amor ainda não se expressa com total pureza”.
Caramba! É fácil dizer EU TE AMO. Muito fácil. O negócio mais difícil é realmente amarmos o próximo como a nós mesmos.
Mas será que amamos a nós mesmos?
E nossas tristezas que cultivamos como se fôssemos crianças desamparadas?
E nossos melindres que trabalhamos pra nunca deixar de continuar assassinando mentalmente aqueles que nos “ofenderam”?
E nosso amor próprio ferido, nosso orgulho de homem ou de mulher? De pai dedicado ou de mãe extremada?
E nossas vaidades que ultrapassam qualquer idade e que tanto são exaltadas como se fossem naturais no ser humano?
E nossas esquisitices que guardamos cuidadosa e zelosamente no coração pra só explodir na hora certa, porque somos sistemáticos?
E nossas depressões que, nas horas em que estamos sós, tratamos a “pão de ló” pra que os mais próximos sofram com “nossos terríveis sofrimentos”?
“Coitadinho(a) dele(a)! Não é bom que eles tenham “peninha” da gente? Afinal somos tão sofredores e nem merecemos isso! Somos tão bons que deveríamos estar no lugar dos maiores entre todos os homens da Terra, pois ninguém está à nossa altura.
No budismo, existe a prática da meditação com o objetivo de alcançar o amor incondicional, o AMOR UNIVERSAL.
Então essa técnica milenar de efeitos maravilhosos, senão fantásticos, por conta de que ensina pessoas de qualquer idade, sexo, religião, tem a finalidade de purificar a mente, tornando-a saudável e íntegra. É o primeiro passo para a pessoa amar a si mesma. Por isso, é denominada Meditação Universal.
Eis o procedimento: A prática da Meditação do Amor Universal deve começar pela própria pessoa, porque se alguém não se ama, torna-se impossível estender amor e benevolência a outras pessoas.
Inicia-se com o pensamento: estou limpando minha mente de todas as impurezas, que eu esteja livre de maldades, que eu esteja livre de inimizades, que eu fique livre do sofrimento, que eu me sinta muito feliz, com muito amor e muita paz.
Depois disso com a mente e o coração repletos de amor e paz, o pensamento deve ser dirigido a uma pessoa muito querida, da qual gostamos muito, visualizamos essa pessoa recebendo todo o nosso carinho, toda a paz e todo o amor que estamos sentindo. Em seguida visualizamos uma pessoa que nos é indiferente, um conhecido do qual não gostamos nem deixamos de gostar, e enviamos o mesmo pensamento. Finalmente lembramos de alguém que por algum motivo não gostamos, que nos é desagradável, pelo qual temos algum tipo de rancor, e enviamos em forma de pensamento o nosso perdão, banhando-o com pensamentos de amor, paz e compreensão”.
Ora, quando nos tornamos capazes de amar-nos e passamos a endereçar nossos sentimentos em favor do próximo, podemos dizer que estamos aptos para darmos o primeiro passo do Amor Incondicional.
Depois disso, a prática se consolidará, até que o Amor Incondicional seja o verdadeiro Amor Universal.
Novamente, Leandro Pires, na obra citada: O Amor Universal é a manifestação de um Amor puro, infinito, imparcial e sem distinções.
O Amor Universal não faz distinção entre raças, cor, e credo religioso; não discrimina, não separa, não julga, não prefere, nem escolhe. Mas não é indiferente, tem compaixão, inspira o perdão, tem a sua própria razão, e assim como a Fé, é capaz de mover montanhas”.
É um sentimento agradável, doce, maravilhoso. Uma alegria incomensurável, uma ternura inefável avançam pelo peito a dentro quando praticamos o bem ao nosso próximo. E ao vê-lo feliz pelo amor que lhe doamos sem condições, a felicidade penetra nossa alma e ambos nos tornamos como um foco luminoso – é a irradiação do Amor.
O ser humano então compreenderá que o mandamento Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento e ao próximo como ama a si mesmo, é o único caminho que leva ao descortino da fé pela razão e, de conseqüência, à felicidade inconteste do mais sublime dos sentimentos – o AMOR.
Nesse instante sublime, não só o nosso coração se encontra emprenhado de vigorosa energia, como sentimos que todo o Universo pulsa no mesmo ritmo.
Ainda há muitos desamores, muitos abalos, muitas ofensas, muitas guerras, muitas escaramuças, muitas brigas menores ou maiores para serem vencidos.
Assim como neste terceiro milênio nosso Orbe terrestre deixará de ser um planeta de provas e expiações, tornando-se um Mundo regenerado, também os homens, num futuro, nem tão distante, descobrirão e sentirão este AMOR UNIVERSAL, vivenciando-o em sua plenitude, escoimando sofrimentos para compartilhar a felicidade em todos os quadrantes da matéria.

A RESIGNAÇÃO

                                   “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados.”
O homem nasce na Terra para evoluir, para vencer a si mesmo e amealhar virtudes.
­A resignação é uma das virtudes difíceis de serem adquiridas e seu exercício é quase sempre incompreendido pois o sofrimento ocorre comumente em nosso mundo.
Apesar dos inumeráveis progressos sociais, milhões de seres sofrem ainda terríveis dores: a miséria provocando intensas agonias; a enfermidade arrastando os seres para os vales do sofrimento e da angústia, de que nem mesmo as classes mais cultas ou abastadas conseguem se isentarem desses males.
Às vezes, u’a melancolia se abate sobre o ser até daquele que habita ambientes onde reina a abundância, um sentimento de desânimo, uma vaga tristeza, às vezes se apodera das almas.
Conheci um tetraplégico que aparentava uma tranquilidade inexprimível, mas, que se enfurecia com seus familiares quando, por sofrer incontinência urinária, molhava o fraldão na frente de gente que o visitava.
Isabel já andava pela casa dos 50 e poucos anos. Morava num barraco de adobe que ela mesma construíra próximo do encontro do Ribeirão Veredão com o Rio dos Bois lá pelas bandas do município de Acreúna.
Quase nunca tinha o que cozinhar para alimentar as 3 pessoas que dividiam o barraco: ela e seus 2 filhos, Genésia debilóide de 35 anos e Fábio, de 22 anos, totalmente dependente pois não falava, andava de quatro como os animais quadrúpedes e que sempre se sujava com seus excrementos.
Apesar de todas as dificuldades, ausência de alimentos, deficiências vitamínicas, Isabel trabalhava lavando roupa pra fora usando uma “quada” de sabão de cinzas que ela mesma fazia até porque não podia comprar os detergentes próprios. E enquanto lavava a roupa, cantarolava alegremente entoando agradecimentos a Deus pela vida e pelos filhos adorados que o Senhor lhe destinara.
Richard Simonetti escreveu “A Receita Para Ser Forte: Incrível! Aquele homem passara cinco dias perdido no deserto, sem água, sem alimentação! E não morrera! Um prodígio de resistência!
No hospital, ainda fraco, mas em franca recuperação, vê-se rodeado por pessoas interessadas em seu segredo. Como pudera sobreviver? Onde encontrara recursos para sustentar-se?
O homem sorriu, bem humorado, e respondeu:
- Muito simples! Eu orava o tempo todo. A oração foi meu sustento, minha tábua de salvação!”
Depois, Simonetti aconselha: “Amigo. Em todas as situações, onde estiver, converse com Deus. Como o filho que procura a ajuda de seu pai, fale de seus anseios e esperanças. Comente suas angústias e problemas. Abra seu coração e Ele o sustentará nas lutas do Mundo, ajudando-o a fazer o melhor.
Tudo será mais fácil se aprendermos a conversar com Deus...”
A dor é o remédio para a correção das nossas imperfeições e, também, para as enfermidades da nossa alma.
No atual estágio de evolução em que nos encontramos, sem ela não é possível o nosso aprimoramento.
Nossos excessos geram as moléstias orgânicas que se abatem sobre nós, assim como nossas faltas passadas são responsáveis pelas provas morais que nos atingem.
Um dia, o resultado de nossos erros e equívocos, fatalmente, recairão sobre nós.
É a lei de justiça agindo no curso de nossas existências.
Saibamos aceitar os seus efeitos como se fossem remédios amargos, operações dolorosas, capazes de restituir nossa saúde.
Embora possamos nos sentir entristecidos pelos desgostos, devemos sempre suportá-los com paciência, alegria e disposição, compreendendo que nós plantamos e agora estamos colhendo os frutos do nosso plantio.
Caminhamos no terceiro milênio, mas, a Terra ainda é um mundo de provas e expiações, em que a dor reina soberana, em virtude de que o mal ainda sobrepuja o bem.
Ainda que estejamos conscientes dessa inegável condição, é nosso dever lutar contra a adversidade, porque sofrer sem reagir aos males da vida seria uma covardia.

Ao percebermos que todos os nossos esforços para superar os sofrimentos, físicos ou morais, se tornam supérfluos, quando tudo se mostra inevitável, é porque é chegado o momento de apelarmos para a resignação.
Toda revolta contra a lei moral que corrige nossas mazelas seria tão insensato quanto querermos resistir à lei da gravidade.
Se fazemos sentir, por toda parte, o peso de nossas amarguras, infelicitamos os que nos amam e até aqueles que nos vêem como exemplos, nos caminhos da vida.
Com raciocínio, o espírito sensato clareia a situação encontrando, na provação, os meios de fortificar suas qualidades.
Só é corajosa a alma que aceita os males, as dificuldades, os obstáculos que encontra pela frente, trabalha os pensamentos, compreende a Justiça Divina como bênção regeneradora, eleva-se acima deles, sorri agradecida, construindo, então, uma escala para atingir a virtude. 
A resignação é uma conquista do Espírito que vence suas paixões para atingir a maturidade. Conseguindo mantermos a alegria e o otimismo, mesmo nas condições mais adversas, ao enfrentarmos com tranquila dignidade nossos infortúnios, preparamo-nos para um futuro venturoso.
Sejamos, pois, alegres e felizes, agradecendo a Deus pela vida.